Fundo Dema lança revista em comemoração aos dez anos
Por Élida Galvão
Ascom Fundo Dema
Foram meses de elaboração e dedicação ao que ali exibia. Era compreensível a apreensão com se expressava. Afinal, carregava em suas mãos a história de muitos e, emocionada, sentia o peso da luta narrada naquele periódico. Na última terça-feira, 16 de setembro, diante de um auditório lotado, Vânia Carvalho apresentava a razão do chamado público. A primeira revista do Fundo Dema, em face de uma trajetória de 10 anos, era, então, anunciada com a alegria comemorativa de um nascimento.
Socióloga por formação, a educadora do Fundo Dema não conseguia disfarçar a emoção com que falava ao expor, aos olhos de todos e todas, a revista intitulada ‘Somos a Floresta: Cenários e Narrativas de Justiça Ambiental na Amazônia’. “Pensamos numa revista que chegasse em vários públicos, nas comunidades agroextrativistas, nas aldeias, nas escolas do campo, da cidade, da floresta, pesquisadores estudantes, e que visibilizasse a importância da agricultura familiar, de nossos camponeses e camponesas, das comunidades quilombolas e dos povos indígenas, esses segmentos que vêm diversificando e nos mostrando que é possível conviver com a floresta de forma sustentável, com os sistemas agroflorestais, com a agroecologia e segurança alimentar, com projetos de valorização da cultura, dos produtos nativos da Amazônia e dos saberes locais”, disse Vânia.
Vânia Carvalho apresenta a revista do Fundo Dema |
Produzida com o apoio da Fundação Ford, a revista se apresenta como resultado do fortalecimento institucional do Fundo Dema. Nela estão reunidas experiências das comunidades, o quantitativo de projetos apoiados, o investimento financeiro dispensado, o panorama das regiões de atuação, entre outras importantes informações que espelham o trabalho desenvolvido.
Convidados apreciam a publicação comemorativa |
Os preparativos para a produção da revista foram iniciados ainda no primeiro semestre de 2014. De lá para cá foram realizadas importantes viagens a campo e, com isso, foi totalizado um saldo de centenas de fotografias tiradas, dezenas de pessoas entrevistadas, muitas experiências vivenciadas e diversas histórias registradas. Indicando o caminho percorrido pelo Fundo Dema, uma linha do tempo, elaborada com base nas informações reunidas pelo Conselho Consultivo Regional do Fundo, registra momentos emblemáticos vivenciados ao longo destes 10 anos de atuação.
As mulheres, os indígenas e quilombolas são destacados enquanto grupo social e povos que lutam bravamente por emancipação e autonomia. Pois, além de combater o avanço da destruição monopolista do capitalismo, que os desterritorializam e causa efeitos danosos ao ambiente, ainda têm de lutar pela garantia de seus direitos diante da marginalização e discriminação social.
10 anos
Ao completar 10 anos de atuação, o Fundo Dema comemora a comunidade. Como a própria palavra explicita, a comum-unidade democratiza o acesso, horizontaliza direitos, consensualiza decisões. Seguir em frente lutando por justiça ambiental e climática é mais do que missão. É continuar garantindo que a chama do humanismo se mantenha acesa, mesmo diante da ameaça de arrefecimento.
Exposição fotográfica retrata o caminho percorrido ao longo destes anos |
Estar em comum-união fortalece. Mais fortalecedor ainda é ouvir depoimentos de moradores dos lugares mais longínquos testemunhando que o Fundo Dema consegue chegar aonde o poder público não chega; é ver que depois de ter plantado uma semente de estímulo, os povos da floresta começam a protagonizar a luta, não mais pela sobrevivência, mas pelo direito de viver dignamente e em harmonia com o sistema ecológico.
O Fundo Dema se fortalece assim, em cada voz questionadora, cada grupo envolvido, cada comunidade mobilizada. A privatização do solo, a industrialização do progresso, o extermínio de grupos socioculturais, a monopolização de poder devem ser combatidos a todo custo. E estas não poderiam deixar de ser a razão de permanência de um Fundo que nasce no seio da luta social.
Criado em 2003, como um fundo fiduciário, o Fundo Dema financia projetos coletivos de populações do campo com o objetivo de manter a preservação do Bioma Amazônia. Sua história inicia no mesmo ano, quando cerca de seis mil toras de mogno foram apreendidas pelo IBAMA, por terem sido extraídas ilegalmente da região Oeste do Pará. As toras foram vendidas e o valor arrecadado convertido em um fundo fiduciário, distribuído a diversas entidades, entre elas o Fundo Dema. Os rendimentos disso são investidos por meio de publicação de Editais e Chamadas Públicas para apoiar projetos socioambientais.
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