Fundo Luzia Dorothy do Espírito Santo integra Comitê Gestor do Fundo Dema
Por Élida Galvão
| Selma (vermelho) e Marta, representaram o Fundo Luzia Dorothy do Espírito Santo na reunião do Comitê Gestor
Em meio à reunião do Comitê Gestor, ocorrida no período de 20 a 22 de novembro, a equipe dialogou sobre a integração do Fundo Luzia Dorothy do Espírito Santo (FLDES) ao Comitê Gestor do Fundo Dema e, após avaliação positiva, aprovou a representatividade destas mulheres ao conselho deliberativo do Fundo, que atua por meio de gestão democrática integrando organizações das regiões do Baixo Amazonas, BR 163 e Transamazônica.
Criado em 2014 com o objetivo de fortalecer a autonomia das mulheres e a luta em defesa dos bens comuns, do território, da igualdade de direitos, da segurança alimentar e nutricional, o Fundo Luzia Dorothy do Espírito Santo iniciou sua atuação na região do Baixo Amazonas, porém com a expectativa de se expandir para demais regiões de atuação do Fundo Dema. Este processo de expansão começou a ser pensado no ano seguinte, com a consolidação da experiência naquela região.
Em 2015, a partir da experiência no Baixo Amazonas, o FDLES pleiteou a integração ao Comitê Gestor do Fundo Dema, porém, este considerou que seria necessário firmar a articulação com as outras duas regiões de atuação. As mulheres não desanimaram e decididamente seguiram em frente. Em 2016 houve nova tentativa, mas ainda assim a expansão não estava consolidada. Nós voltamos e nos fortalecemos. Fizemos uma agenda de reuniões e em 2017 passamos a nos reunir com organizações de mulheres das outras regiões, destaca Marta Campos, representante da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Santarém, entidade que integra o FLDES.
Após intenso percurso de visitas a organizações e grupos de mulheres da BR 163 e da Transamazônica, iniciado em julho deste ano, as lutadoras do FLDES reuniram com dezenas de outras mulheres para apresentar o Fundo, explicar seus objetivos e convidá-las a integrar este, que se caracteriza como um Fundo Autônomo de Mulheres Rurais da Amazônia.
Em meio à agenda de reuniões estiveram em Placas, Uruará, Medicilândia, Pacajá, Anapu, municípios localizados na região da Transamazônica, onde dialogaram com mulheres de vários movimentos, associações, cooperativas, entre estas, algumas apoiadas pelo Fundo Dema, a exemplo do Clube de Mães, Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Placas Campo e Cidade (MMTP-CC), Associação Dom Oscar Romero (AMDOR), Associação Nossa Senhora da Paz (ACONSP), Movimento das Mulheres Trabalhadoras de Altamira Campo e Cidade (MMTACC).
Na região da BR 163 visitaram os municípios de Rurópolis, onde estiveram com as mulheres da Associação de Mulheres do Campo e Cidade; Itaituba, no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais; e ainda o município de Trairão, com o Grupo de Mulheres e Trabalhadoras Rurais.
A importância da expansão do Fundo não é somente o acesso a projetos, mas garantir o fortalecimento da organização de mulheres que precisam unir forças que possam ter autonomia e o conhecimento pelos seus direitos, pois muitas ainda não sabem os seus direitos. Outra questão é o incentivo à agroecologia. Hoje a nossa própria alimentação vem tão ruim pra nós, com agrotóxicos. Comemos sem saber o jeito que se planta e se colhe, diz Marta.
Lançamento de Edital
De acordo com Graça Costa, representante da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), após esta etapa de apresentação e diálogo com mulheres da BR 163 e Transamazônica, as representantes do FLDES voltarão às duas regiões para dar encaminhamento à integração oficial das entidades interessadas em compor o Fundo. Após esse processo de expansão, a perspectiva é que em janeiro de 2018 seja lançado o Edital de apoio a projetos coletivos nestas duas áreas, revela.
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