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31/08/2020
Por: Equipe Fundo Dema
Assunto: Notícias
Leitura: 2 minutos

Polícia Federal descarta participação de brigadistas de Alter do Chão nos incêndios da Amazônia

Marina Lang

Brigadistas, bombeiros e voluntários combatem o fogo que se alastrou desde sábado (14) no distrito de Alter do Chão, Santarém, no Pará. Foto: Brigada de Alter.

Quase um ano após a prisão dos brigadistas de Alter do Chão sob a acusação de que eles teriam iniciado os incêndios na vegetação nativa da Amazônia na região conhecida como Capadócia, no Pará, a Polícia Federal concluiu que os pontos iniciais de fogo começaram a 2,3 km e a 4,6 km de distância da região apontada como o suposto início pela Polícia Civil do estado, que indiciou quatro bombeiros ligados às ONGs de proteção ambiental da região.

Após uma perícia com duração de quatro meses, a PF constatou que, além de os incêndios terem começado em pontos distantes da região inicialmente apontada pela Polícia Civil, o fogo se originou por ação humana. Agentes foram a campo investigar os princípios das queimadas, além de analisar imagens de satélites. No entanto, de acordo com o relatório, não foi possível identificar quem teria iniciado os incêndios e, portanto, pede o arquivamento do inquérito. A conclusão diverge do que foi apontado pelas investigações estaduais.

Baseado em depoimentos, o inquérito estadual indicou que os brigadistas, supostamente, teriam iniciado as queimadas no intuito de obter doações de ONGs e do ator Leonardo Di Caprio, que refutou as acusações. A diferença, agora, é que a PF apontou que não é possível identificar os autores do incêndio, e que tampouco existem evidências que apontem para os investigados pela Polícia Civil do Pará.

?Dessa forma, considerando que foram feitos diversos estudos técnico-científicos e levantamentos e que apesar de todos os esforços empreendidos, nenhum resultou em uma definição significativamente clara de autoria, e que efetivamente não existe nenhum elemento que comprove a ação de algum dos investigados para a ocorrência do incêndio, resta prejudicado o apontamento autoral?, finaliza o relatório da PF.

A prisão dos brigadistas teve repercussão internacional em setembro do ano passado. Eles tiveram seus cabelos raspados e ficaram detidos por dois dias. Depois de soltos, todos se mudaram para São Paulo temendo retaliações por parte de grileiros de terra. Eles sempre negaram as acusações.

O pedido de indiciamento ainda não foi acatado pelo Tribunal de Justiça do Pará. O juiz responsável pelo caso é Alexandre Rizzi, que foi advogado de defesa de uma madeireira pertencente à sua família no Pará.

Foi ele quem determinou a prisão preventiva dos brigadistas, sob argumento de ?garantia da ordem pública? a fim de, supostamente, evitar ?a reiteração da prática delitiva, além de garantir a colheita de elementos para a instrução criminal?.

((o))eco apurou que edificações estão sendo feitas, atualmente, por residentes nos locais das queimadas.

Edificações sendo levantadas no local onde ocorreu o incêndio ano passado. Foto: Brigada de Alter.