Em Santarém, indígenas Munduruku desenvolvem projeto para fortalecer a autonomia na aldeia Ipaupixuna
Por Élida Galvão
I Indígenas Munduruku de Auá planejam dar continuidade ao projeto iniciado na aldeia Ipaupixuna
Desenvolvido no município de Santarém, propriamente na região do planalto Itupi, pelos indígenas Munduruku de Auá, o projeto ‘Capacitação Índio e Floresta’ chega à etapa final com importantes resultados voltados ao fortalecimento da autonomia das famílias envolvidas. No período de 18 a 22 de setembro, os membros do projeto participaram de uma oficina de capacitação para o manejo do açaí, realizada com o objetivo de possibilizar a extração do fruto de forma ecologicamente correta.
Além de propiciar maior autonomia ao povo indígena, o projeto, desenvolvido pela Associação Indígena Munduruku de Auá da Aldeia Ipaupixuna e que é apoiado pelo Fundo Dema em parceria com o Fundo Amazônia, tem como foco a preservação ambiental de seu território por meio de capacitação em educação ambiental, gestão institucional e na proteção do patrimônio territorial.
“Nós somos 20 famílias apoiadas pelo Fundo Dema e esse apoio tem sido muito importante para nós. Antes a gente só fazia colher o açaí e entregar para o atravessador, que era o que mais lucrava. Mas agora, por meio de outras parcerias, como a do Emater [Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural], aprendemos outras coisas, como os procedimentos de higienização para bater e comercializar o açaí. Pretendemos dar continuidade a tudo que aprendemos com o apoio do projeto”, diz Manoel Rosa, integrante do projeto.
I Ações de capacitação contribuem para a proteção do meio ambiente e fortalecimento da associação
Além desta atividade, as famílias passaram por outros dois momentos de capacitação durante o desenvolvimento do projeto, uma oficina sobre associativismo e cooperativismo, outra voltada para gestão e elaboração de projetos. De acordo com Rosa Choua, engenheira florestal que acompanha o projeto, as atividades de capacitação proporcionam às famílias qualificação sobre o entendimento de gestão, monitoramento, fiscalização, atividade produtiva sustentável e uma série de outras atividades.
“Agora eles estão no manejo do açaí e depois vão para as boas práticas de produção do açaí envolvendo a parceria com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, que vai entrar com as palestras relacionas à liberação das licenças para possam fazer o manejo e mais pra frente eles têm outras parcerias relacionadas à produção de farinha também”, informa Rosa, que ainda integra o grupo de dinamizadores do Fundo Dema.
Segundo a engenheira, as famílias têm a compreensão de que mesmo que o recurso do projeto apoiado chegue, as ações do projeto devem ser continuadas. “Para eles o projeto foi somente um impulso para tudo isso, mas a ideia é dar continuidade a todo um trabalho de gestão, de monitoramento de permanência e de autoafirmação dentro da Terra Indígena deles”.