Encontro Regional de Agroecologia da Amazônia é realizado no Pará
Por Élida Galvão
Agroecologia e Democracia Unindo o Campo e a Cidade! A partir deste lema, dezenas de agricultores, agroextrativistas, pescadores, ribeirinhos, indígenas, quilombolas e militantes dos movimentos sociais estarão reunidos durante a realização do IV Encontro Regional de Agroecologia (ERA), que acontece no período de 01 a 05 de abril, no Pará. Além de fazer um chamado à sociedade para a participação no IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), realizado pela Articulação Nacional de Agroecologia (ENA), o ERA tem o objetivo de dialogar com a população sobre a importância da agroecologia enquanto movimento de luta em defesa do território, dos bens comuns, da segurança alimentar e nutricional, e do fortalecimento dos direitos de povos e comunidades tradicionais da Amazônia, sejam eles do campo ou da cidade.
Antecedendo o IV ENA, que este ano acontece na cidade de Belo Horizonte (MG), no período de 31 de maio a 3 de junho, o encontro regional na Amazônia se propõe a destacar o protagonismo das mulheres, das juventudes, dos idosos, dos povos das florestas, das águas, dos campos, das cidades, e o papel destes sujeitos no acesso democrático às políticas públicas e na defesa do bem viver. Para isso, a ação se estrutura em momentos de diálogos e na troca de conhecimentos a partir de visitas a diversas experiências agroecológicas localizadas na região metropolitana de Belém e na região do Baixo Tocantins.
Seguindo os princípios da carta convocatória do IV ENA, o ERA Amazônia reunirá cerca de 270 pessoas de diversos estados que compõem a Amazônia Legal, entre eles: Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Amapá e Maranhão, que estarão envolvidas no fortalecimento da agroecologia enquanto alternativa para uma sociedade ambiental, cultural, econômica e socialmente justa.
Agroecologia e resistência
Além de mobilizar as populações do campo e da cidade, o encontro se propõe a fortalecer redes de articulações em contraposição ao avanço do capital globalizado e todos os tipos de violência por ele provocadas. O fortalecimento das redes de articulação em defesa da agroecologia e do Bem Viver é de fundamental importância para o firmamento de estratégias de resistência coletiva às ameaças na Amazônia.
A perspectiva para a realização do ERA Amazônia, de acordo com Fábio Pacheco, integrante da Associação Agroecológica Tijupá, no Maranhão, e membro da coordenação do ENA, é de alinhar ideias, se conhecer, trocar experiências, construir consensos, fazer articulações mais fortes e fortalecer lutas. A partir do lema do encontro, queremos debater a agroecologia praticada na Amazônia e denunciar os diversos problemas que estamos passando. Nós temos alternativas que estão sendo construídas por diversas comunidades do campo, da floresta, pelos ribeirinhos, indígenas, quilombolas e durante os quatro dias de encontro, vamos fazer um debate amplo com intercâmbios de ideias e experiências.
Ameaçada pelo avanço do agronegócio, pela mineração, por projetos de infraestrutura que destroem modos de vida tradicionais, desterritorializam comunidades, exploram os bens comuns, destroem o meio ambiente, a Amazônia se insere em um contexto sociopolítico de intensos conflitos e disputas que geram grandes impactos à biodiversidade e aos modos de vida das populações tradicionais. Porém, para Letícia Tura, coordenadora da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) e integrante da coordenação da ANA, é possível pensar em uma sociedade onde o ser humano e a defesa do meio ambiente estejam no centro das preocupações.
Nós temos que tornar nossas lutas visíveis também para a cidade. Com isso, a gente tem pautado muito o debate da segurança alimentar, do combate ao uso dos agrotóxicos, da importância da juventude nesse processo, a defesa da garantia dos direitos das mulheres, que cada vez mais tem uma participação maior dentro da agroecologia, e também a defesa das políticas públicas. A agroecologia não é apenas uma questão técnica, mas é antes de tudo uma proposta de sociedade“, considera Letícia.
Programação
A programação do encontro prevê a realização de uma série de atividades, como a feira de sabores e saberes, apresentações culturais, mostra de cinema e debates públicos com momentos internos de aprofundamento de temas mobilizadores, em diálogo com organizações parceiras.
Cinco rotas estão programadas para o compartilhamento de conhecimentos durante o encontro, entre elas estão inclusas visitas a experiências em Belém, Ananindeua, Abaetetuba e Igarapé Miri. Oficinas temáticas prometem estimular reflexões e diálogos acerca dos direitos territoriais, do protagonismo das mulheres e das juventudes, da sociobiodiversidade, construção social de mercados, segurança alimentar e nutricional, agricultura urbana, educação no campo.
Além disso, a programação conta com um espaço de instalações pedagógicas chamado banzeiro agroecológico, onde diversas experiências comunitárias serão apresentadas aos grupos presentes, e ainda o momento cine agroecológico onde serão exibidos filmes e documentários voltados à temática. Isso sem contar também no Arraial Agroecológico de Saberes e Sabores, que reúne a feira agroecológica, um momento de troca de semente e a noite cultural com apresentações de grupos regionais.
Serviço:
IV Encontro Regional de Agroecologia da Amazônia
Período: 01 a 05 de abril de 2018
Local: Área da região metropolitana de Belém e do Baixo Tocantins, no Pará