Fundo Dema realiza Seminário Somos a Floresta reunindo projetos da Chamada Pública Amazônia Agroecológica
Reunindo representantes de projetos apoiados na Chamada Pública Unificada Amazônia Agroecológica, o Fundo Dema promoveu o Seminário de Sistematização Somos a Floresta, com os objetivos de socializar os resultados de 38 iniciativas comunitárias apoiadas em parceria com o Fundo Amazônia, dialogar sobre a construção de novas estratégias agroecológicas, organizativas e de incidência nas políticas públicas apontadas por populações tradicionais da Amazônia, bem como, sobre os desafios vividos durante o percurso das ações coletivas.
Com cerca de 100 pessoas, o seminário foi realizado no período de 20 a 22 de agosto, em Santarém (PA). Durante a manhã do primeiro dia, uma instalação pedagógica possibilitou o compartilhamento de conhecimentos e experiências entre os projetos. Representantes de diversas associações socializaram sobre o desenvolvimento de suas iniciativas, que foram além das atividades planejadas, proporcionando o resgate de suas ancestralidades, costumes e o fortalecimento da coletividade.
Entre as organizações participantes da instalação pedagógica, estiveram a Associação Mães Unidas de Placas (CMUP), Associação dos Piscicultores Agroextrativistas de Anã (APAA), Associação Comunitária Menino Jesus (ACMJ), Associação Quilombola dos Agricultores Familiares de Pimenteira (AQUAFAP) e Associação Instituto Bepotire Xikrin (IBIKRIN). Com 27 famílias e 135 pessoas diretamente beneficiadas, o projeto Estruturação do lago Imokti para a produção consorciada de camarão e peixe, com elaboração de ração sustentável com produtos locais, realizado na aldeia Potikrô, Terra Indígena Trincheira Bacajá, trata da construção de um tanque de piscicultura consorciado com um Sistema Agroflorestal (SAF). No entanto, de acordo com Neamro Xikrin, representante do projeto, a necessidade de escavar um tanque pesqueiro na aldeia está relacionada à contaminação dos rios pela atividade de mineração, que vem ameaçando o território e impedindo a segurança alimentar e nutricional das famílias.
“Muitas pessoas nos perguntam como, em pleno território indígena, com o recurso dos rios pensamos em escavar o lago. Ocorre que os nossos rios estão contaminados por conta da mineração”, destaca Neamro.
À tarde, a programação seguiu com a mesa “A economia dos povos da floresta”, que contou com a participação de Letícia Tura, coordenadora nacional da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) e os representantes da AMPRAVAT, ARQJO,
Letícia falou sobre…, para ela….
A gente está fazendo um movimento de resistência contra esse modelo hegemônico. Estamos vivenciando uma época de múltiplas crises, é crise climática, alimentar, de saúde, social econômica… As coisas não ocorrem somente em função da natureza. Todo esse processo de crise que a gente está enfrentando, sobretudo do ponto de vista ambiental, é resultado do nosso padrão e consumo de commodities agrícolas e minerárias”, pontou Letícia.