Jovens do campo auxiliam associações comunitárias na elaboração de projetos
Por Élida Galvão
Ascom Fundo Dema
Com 10 anos de existência, a Associação Casa Familiar Rural de Placas, localizada na região da Transamazônica (PA), foi fundada a partir da necessidade de uma educação rural que contribuísse para o processo de desenvolvimento da produção familiar vinculada à realidade da população camponesa.
No mesmo ano, em 2004, nasceu a Casa Familiar Rural de Placas (CFR Placas), com o objetivo de contribuir para a geração de renda familiar no campo garantindo a preservação ambiental. Para isso, proporciona assessoria técnica às famílias por meio de cursos de capacitação direcionados aos jovens filhos de agricultores e agricultoras.
A educação rural é pautada no método da ‘pedagogia da alternância’, que consiste no revezamento entre o tempo-escola e o tempo-comunidade. Ou seja, o aluno estuda durante um determinado período em regime de internato e, após alguns meses, retorna a sua comunidade ou assentamento para a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos.
Primeira etapa do projeto é cumprida com curso de capacitação |
Jovens buscam orientações para ajudar comunidades |
A capacitação foca na importância do aproveitamento dos recursos naturais de forma sustentável, na preservação das nascentes d’água, nas alternativas de produção sem o uso de fogo e agrotóxico, além de incentivar a diversificação da produção, incluindo a criação de pequenos e médios animais e a medicina alternativa como uma das opções de sustentabilidade da produção familiar.
De acordo com Jaci da Silva, presidente da Associação e diretora da CRF, “este é um projeto importante para o processo de formação e informação dos jovens e a comunidade. Agora já está na etapa final de prestar assessoria nas comunidades. Os jovens reúnem com os membros de associações e a comunidade para elaborar projetos e explicar o que é o Fundo Dema. A intenção é submeter projetos comunitários a 3ª Chamada Pública”.
Apoio do Fundo Dema
Tendo sido aprovado no lançamento da 1ª Chamada Pública Geral do Fundo Dema, em 2011, o Projeto ‘Capacitar para Novos Tempos com a Visão do Desenvolvimento Sustentável’, proposto pela Associação da CFRP, atua com o objetivo de habilitar os estudantes na elaboração de projetos voltados à proteção e uso sustentável da biodiversidade.
Na função de Agentes de Desenvolvimento Local, os jovens têm a missão de atuar no compartilhamento de conhecimento técnico e ambiental às comunidades rurais do município de Placas.
Em agosto de 2013, após ampla divulgação do curso na região, o projeto iniciou suas atividades com 68 participantes, envolvendo 26 comunidades. Primeiramente, a partir das inscrições, foi feito um diagnóstico do perfil do público atendido. Isso possibilitou direcionar as temáticas abordadas conforme as necessidades de conhecimento dos estudantes.
No mês seguinte, o curso de capacitação foi realizado abordando as seguintes temáticas: recuperação de áreas de preservação permanente e de reserva legal; sistemas agroflorestais; elaboração de projetos; desenvolvimento organizacional participativo – associativismo e cooperativismo; manejo florestal comunitário; uso e beneficiamento de produtos florestais.
Em junho e julho deste ano, após a liberação da segunda parcela financeira, que garantiu a continuidade das ações do projeto, os alunos passaram a assessorar as comunidades na elaboração de projetos socioambientais, os quais pretendem submeter a 3ª Chamada Pública do Fundo Dema.
“Nada mais justo do que nós, filhos da agricultura, termos um ensino de qualidade voltado para a agricultura, onde se relaciona com nossas necessidades. O modo de ensino na cidade é outro e já muda todo o conceito do que é a agricultura. O poder de observação de nosso estudo está voltado para o campo; saber sobre o solo, conhecer a exigência do solo para determinada cultura, que varia por espécie (…) o ensino na casa é voltado para isso”, avalia o jovem Eliesio Lacerda, 17 anos, que estuda desde o ensino fundamental na CRF de Placas e hoje cursa o terceiro ano do ensino médio.
Outro jovem, Paulo Araújo, 22 anos, apesar de já ter concluído o ensino médio, continua auxiliando as comunidades. “A importância da experiência foi grande para o aumento de transmissão de conhecimento para os demais agricultores das comunidades. Focamos mais na agricultura familiar. Até mesmo depois que me formei não parei de dar assistência à comunidade, afirma Paulo.