Movimentos sociais avaliam o VIII FOSPA e se articulam com o judiciário paraense
Por Élida Galvão
l Em visita a Belém, Rômulo Torres dialoga com os movimentos sociais para dar continuidade à articulação na Pan Amazônia
Dando continuidade à articulação dos movimentos sociais que integram a Pan Amazônia, representantes de diversas organizações locais estiveram reunidos com Rômulo Torres, do comitê organizador do VIII Fórum Social Pan Amazônico, realizado em maio deste ano, na cidade de Tarapoto, no Peru. A reunião ampliada ocorreu na manhã desta segunda-feira (18.09), no auditório da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), com o objetivo de avaliar o encontro e estabelecer diálogos sobre a conjuntura política, de forma a pautar estratégias conjuntas para o fortalecimento das lutas na Pan Amazônia.
Após ouvir relatos dos militantes brasileiros sobre as ações de resistência ao investimento capitalista no Brasil, Rômulo Torres compartilhou a experiência de seu país ter sediado pela primeira vez um encontro de grande proporção. “Para a realização do Fórum Social Pan Amazônico, nos preocupamos muito em estabelecer relação entre os povos andinos e os povos amazônicos. Tínhamos a preocupação de buscar entender a relação ecológica, cultural, histórica, política para entender o problema de apropriação da terra e dos recursos naturais por grandes empresas na Pan Amazônia. As questões da expropriação das terras, a apropriação dos recursos naturais, a questão dos direitos humanos foi o que nos mobilizou a seguir com o Fórum”, disse Rômulo destacando as propostas firmadas ao término do encontro, descritas na Carta de Tarapoto.
No período da tarde, juntamente com representantes dos movimentos sociais, Rômulo Torres esteve reunido com membros do Ministério Público do Estado do Pará, entre eles, José Maria Lima Júnior, supervisor administrativo do Centro Técnico de Apoio Operacional; Ione Nakamura, coordenadora do Núcleo Agrário; Eliane Moreira, promotora agrária em Castanhal; Sabrina Daibes, promotora agrária em Altamira, e também com Johny Giffoni, defensor público do Pará.
l A conversa no Ministério Público do Pará resultou na criação de uma rede de articulação conjunta com judiciário
Após apresentar as funções institucionais exercidas por cada área do Ministério Público, os representantes da instituição falaram sobre a importância de articular uma rede de atuação em defesa das populações da Pan Amazônia, de seus territórios e dos Bens Comuns. “Essa parceria do Ministério Público com a comunidade é importante porque nós aprendemos muito. As nossas instituições ainda estão aprendendo a caminhar nesse processo de diálogo com os movimentos sociais. É necessário compreender que para além de atuar de forma local, nós estamos integrados a uma rede latino-americana e não podemos perder de vista isso. Precisamos estar interligados, conectados com nossos irmãos, nossos parentes e amigos de outros países latino-americanos”, considera Ione Nakamura.
Para Johny, um dos grandes desafios do judiciário é tornar a defensoria pública mais acessível a pessoas em condições de vulnerabilidade. “Umas das primeiras coisas que a gente tem feito junto às comunidades é contribuir para o fortalecimento da articulação social, seja por meio da participação em espaços como o Fórum Social Pan Amazônico ou outros, a segunda é a articulação política em defesa do território e na defesa cultural, e a terceira é uma articulação jurídica que deve ser atrelada às duas primeiras”, destaca o defensor público que acompanha comunidades tradicionais ameaçadas pelo avanço de grandes projetos e do agronegócio no estado do Pará, muitas delas apoiadas pela FASE e Fundo Dema.