Mulheres marcham pela garantia de direitos
Por Élida Galvão
Fundo Dema
Com faixas, cartazes e panfletos cerca de 300 pessoas saíram às ruas para acompanhar o ato em celebração do Dia Internacional da Mulher, mobilizado por diversas organizações de movimentos sociais de Belém. Saindo da Praça da Basílica Santuário de Nazaré, a caminhada percorreu um trajeto até a sede da prefeitura de Belém, onde dezenas de mulheres firmaram posicionamentos em defesa da garantia de direitos.
Em Belém, mulherem marcham contra o todas as formas de opressão
Igualdade de acesso ao mercado de trabalho com justa remuneração salarial, garantia de creches para os filhos, equidade de gênero, liberdade e autonomia para decidir, o fim do feminicídio e do assédio sexual e moral foram algumas bandeiras de luta específicas encampadas em meio à marcha que, além de repudiar todos os tipos de violência, denunciou as ameaças provocadas pela exploração do capitalismo sobre os meios de comunicação, sobre os territórios de diversas comunidades, e ainda sobre a Amazônia, seus povos e sua biodiversidade.
Militantes denunciam o agronegócio em frente a Faepa
Os impactos socioambientais provocados pela foram destacados durante o ato. Em frente à Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), entidade de representatividade do agronegócio paraense, uma intervenção questionou as injustiças sociais ocasionadas pela ofensiva do agronegócio e pela ação de mineradoras e de grandes projetos hidrelétricos na Amazônia.
Edinalva sofre com lixão localizado próximo à sua comunidade |
Justiça ambiental
Moradora da comunidade quilombola Abacatal, localizada na Região Metropolitana de Belém, Edinalva Cardoso, 23 anos, levou consigo outras companheiras para participar do ato em repúdio à utilização de agrotóxicos nas plantações e também pelo fortalecimento do movimento de mulheres negras. Além disso, outra situação foi denunciada por elas. Atualmente as mulheres do Abacatal lutam contra a ação da Prefeitura Municipal de Belém, que em junho de 2015 deslocou o despejo do lixo produzido pela população urbana, antes feito no aterro sanitário do Aurá, para um local próximo à comunidade de Edinalva, em Marituba.
O novo lixão cai na cabeceira do Igarapé Uriboquinha. Ele vai poluir não só o igarapé, mas a gente faz uma feira com os produtos da comunidade e isso está afastando os fregueses porque o lixão polui o solo que a gente cultiva os alimentos. Nós estamos sendo engolidos, repudia Edinalva, que ainda integra o projeto Juventude, Direito à Cidade e Justiça Ambiental, desenvolvido pela sua comunidade com o apoio da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE).
Agroecologia
Sem feminismo não há agroecologia! Essa era a palavra de ordem entre as mulheres quilombolas e agroextrativistas vindas de diversas comunidades, entre elas: comunidade do Quilombo Bacuri e comunidade agroextrativista Pirocaba, ambas localizadas em Abaetetuba; comunidade agroextrativista da Vila dos Remédios e Borralhos, localizada em Santo Antônio do Tauá.
Extrativistas lutam para garantir alimentação saudável à população
Empunhando seus cartazes de luta contra os agrotóxicos e em favor de uma alimentação saudável, estas mulheres mostraram a importância da participação feminina na produção agroecológica. Por meio do saber popular herdado de suas avós e mães, conduzem à prática de uma alimentação saudável baseada no consumo de hortaliças, legumes, verduras e frutas produzidas em seus próprios terrenos, diversificando as culturas, respeitando o tempo da natureza e garantindo a alimentação de seus familiares e de toda a população.
Compondo aproximadamente 50% da população no meio rural, segundo dados do IBGE, as mulheres também têm ocupado cada vez mais espaço nos movimentos sociais, ampliando sua participação no campo e na floresta para além das tarefas do lar, militando ativamente em defesa de uma relação harmoniosa entre a natureza e a população que dela se sustenta.