Notícias

29/05/2020
Por: Equipe Fundo Dema
Assunto: Notícias
Leitura: 3 minutos

Nota de Pesar pelo falecimento de Padre Bruno Sechi

Com profundo pesar, a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) / Fundo Dema lamenta o falecimento do Padre Bruno Sechi e expressa toda a solidariedade aos familiares, amigos/as e companheiros/as de luta.

Italiano, nascido na Ilha da Sardenha, em 1939, Padre Bruno, como era carinhosamente chamado, deixa um grande legado de atuação em defesa dos direitos humanos. Desde que chegou ao Pará, na década de 60, o sacerdote esteve compromissado com o resgate da cidadania e a garantia de uma vida digna aos oprimidos.

Em 70 fundou a República do Pequeno Vendedor, que depois ficou conhecida como Movimento de Emaús, vindo a ser considerada referência nacional no acolhimento e no cuidado de crianças e jovens em situação de rua e de vulnerabilidade social. Na década de 1980, criou o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua e tantas outras articulações que se traduziam em uma forte rede de afetividade e proteção. Daqueles tempos até hoje foi incansável e continuou a construir e consolidar uma vida de doação ao próximo.

Conhecido por tamanha generosidade e senso de justiça, este lindo ser humano sempre será lembrado por sua atuação firme e por um histórico em defesa de crianças e adolescentes.

Padre Bruno PRESENTE!

 

Mensagem de agradecimento

Nessa sexta-feira, 29 de maio, a gente se despede de um grande amigo. O Padre Bruno Sechi nunca vai ser esquecido por nós porque ele deixa um enorme legado de todo o seu trabalho. Primeiro ele era uma criatura do mundo, italiano, mas morava no Brasil a tantos anos, se abrasileirou de tal forma que ele mesmo se considerava um brasileiro, um amazônida. Foi sempre um homem que buscou a justiça, o direito como sua norma de vida, o cuidado pelas pessoas. Na década de 80, no auge das lutas sociais na Amazônia e no Pará, o trabalho do Padre Bruno se destacou por ele ser um grande defensor dos direitos das crianças e dos adolescentes. Ele mesmo, que foi o fundador do Movimento de Emaús, da Cidade de Emaús como esse lugar do cuidado com o outro, o destaque dele na década de 1980 foi por esse trabalho que resultou pelo trabalho de muitas outras organizações, de forças viva desse trabalho que resultou na construção do ECA, do Estatuto da Criança e do Adolescente, que a gente poderia dizer que esse é um grande legado da vida do Padre Bruno, que eterniza a referência dessa pessoa, numa história de luta e cuidado pelos direitos das crianças e adolescentes. O ECA é uma Lei tão mal compreendida pela sociedade, tão mal implementada pela sociedade, ameaçada permanentemente pelos governos autoritários que não tem tido esse mesmo olhar com as crianças e adolescentes. E o Padre Bruno foi esse defensor.

O Movimento de Emaús é um movimento de solidariedade e uma grande referência da vida do Padre Bruno. Ele usou de forma muito sábia, toda a experiência de seu trabalho com meninos e meninas de rua. Se acercou de muitos jovens, criou esse movimento de solidariedade que fazia a cada ano a coleta de objetos que se destinavam a oficinas que beneficiavam jovens a partir de um trabalho de recuperação de aparelhos, móveis que eram vendidos e a renda servia tanto para manter as obras do trabalho do Padre Bruno, como também era destinado para as famílias daqueles jovens que o Padre Bruno ajudou. Por um tempo longo ele trabalhou com essa juventude na escola Salesiana do Trabalho, onde esses jovens foram aprender profissionalmente vários ofícios.

Ali estava também a escola, de princípios de solidariedade, de uma educação emancipadora, libertadora, freiriana. São muitos os legados da vida do Padre Bruno. Era engajado social e politicamente e, junto com ele, eu, Matheus Otterloo e Aldalice, também outros padres e missionário de outras igrejas, porque ele também era um Padre do Ecumenismo, junto com Marga Rothe, junto com tantas outras pessoas, fundamos várias organizações com esse papel importante na luta pela democracia, na luta pela organização social.

Ele foi responsável não apenas pela Cidade e pelo Movimento de Emaús, não apenas pelo ECA, mas também foi um grande impulsionador de organizações como Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, a Universidade Popular (UNIPOP), em que foi membro do Conselho de representantes por vários anos, com uma presença ativa, responsável, militante. Hoje aos 81 anos, o Padre estava preocupado com a conjuntura, com a forma de reaglutinar os movimentos sociais, de construir unidades entre os sujeitos socais da mudança. Esse era o Padre Bruno. A ele toda a nossa homenagem, todos os nossos aplausos pra esse grande amigo que hoje toma um outro rumo de sua história. Vá em paz, Padre Bruno!

Graça Costa

Presidente do Comitê Gestor do Fundo Dema