Oficinas debatem Fundo Quilombola como instrumento de Justiça Ambiental
Quilombolas mostram a importância de sua cultura |
Cultura de atuar coletivamente e com forte nível de organização. Essa foi a impressão geral sobre as 21 lideranças quilombolas que participaram da Oficina de Elaboração de Projetos Sócio-ambientais, promovida pelo Fundo Dema/Fundo Amazônia, em Santarém. O evento ocorreu entre de 22 a 26 de janeiro e envolveu participantes de 10 associações quilombolas, dos municípios de Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná e Santarém, no Centro de Formação da Ordem Franciscana Secular.
Faltando menos de um mês para encerrar as inscrições de projetos para concorrer aos recursos do Fundo Dema/Fundo Amazônia, as oficinas de elaboração de projetos estão a topo vapor e percorrem várias regiões da Amazônia Paraense. O prazo final de inscrição é 29 de fevereiro. Veja a chamada pública.
Na chamada pública do Fundo Dema/Fundo Amazônia, exite uma linha de financiamento de projetos socioambientais específica a comunidade quilombolas e para estimular e dar igualdade de condições de participação, a equipe do Fundo Dema e técnicos convidados forma uma equipe multidisciplinar e realizam os oficinas em todas as regionais ligadas à Coordenação das Associações de Comunidades Remanescentes de Quilombos no Pará (Malungu), que atua como parceira.
Em cinco dias dias de oficina, os participantes conheceram a chamada pública detalhadamente, assim como a história do Fundo Dema e sua relação com os Povos da Floresta. O passo seguinte, conforme explicou Angela Paixa, antropóloga que atua no Fundo Dema, foi debater a atual crise socioambiental global e como, o Fundo Dema, por meio do Fundo Quilombola, pode e deve ser usado como instrumento de Justiça Ambiental.
A importância de conhecer a realidade para transformá-la
Lideranças participantes da oficina em Samtarém |
O foco principal das oficinas do Fundo Dema é a elaboração de projetos socioambientais, para que esses possam ser adequados à realidade de cada comunidade, construído coletivamente, e visando o bem e o desenvolvimento comum.
Seguindo essa lógica, a equipe do Fundo Dema atuou como facilitadora para que as lideranças comunitárias pudessem descrever suas realidades, e a partir de então, suas necessidades. E tentar vencer parte dessas necessidades é missão do Fundo Dema, com o financiamento dos projetos.
Do exercício coletivo de pensar a vida e desafios das comunidades quilombolas participantes surgiram diversos projetos, todos, tendo em comum, a preservação do modo de vida, do território e da biodiversidade amazônica.
Um exemplo destacado pela equipe do Fundo Dema foi o projeto do viveiro de mudas nativas, para o reflorestamento de seus territórios. A idéia da comunidade envolvida é participar de todo processo que vai da coleta das sementes nativas ou crioulas, para a criação de um banco de sementes, para então, iniciar o viveiro e o reflorestamento, com árvores frutíferas, madeireiras e medicinais.
Parcerias sendo construídas
Além das lideranças comunitárias, participaram da oficina representantes da Emater Santarém. Um dos problemas mais comuns na execução e sucesso de projetos em comunidades tradicionais é a assistência técnica e foi exatamente na superação desse gargalo que Emater surgiu como parceira.
Segundo Angela Paiva, do Fundo Dema, a Emater Santarém se disponibilizou de apoiar as comunidades interessadas em concorrer ao financiamento do Fundo Dema/Fundo Amazônia, desde a elaboração do projeto final a sua execução.
Novas oficinas
As oficinas para comunidades quilombolas continuam no mês de fevereiro. O Marajó também integrou as regionais que receberam o evento de 01 a 5 de fevereiro, na cidade de Salvaterra. Participaram lideranças quilombolas das cidades de Gurupá, Cachoeira do Arari, Curralinho e Salvaterra.