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04/04/2017
Por: Equipe Fundo Dema
Assunto: Notícias
Leitura: 3 minutos

Representantes de projetos apoiados pelo Fundo Dema avaliam as experiências comunitárias

Por Élida Galvão

Com o objetivo de levantar dados e compartilhar aprendizados, representantes de onze projetos comunitários desenvolvidos na região do Baixo Amazonas, no Oeste do Pará, participaram do ‘Seminário Socializando Saberes e Aprendizados, voltado à avaliação dos projetos apoiados pela FASE/Fundo Dema em parceria com o Fundo Amazônia’, realizado durante os dias 27, 28 e 29 de março, no município de Santarém.

Nos três dias de atividades os/as participante trocaram informações sobre as ações realizadas, o número de pessoas beneficiadas e de comunidades envolvidas, além dos resultados obtidos. Com 113 projetos apoiados em parceria com o Fundo Amazônia, sendo 46 no Baixo Amazonas.

| A atividade contou com a participação do sociólogo Luciano Padrão que, de forma didática, levantou dados dos projetos

Entre os relatos obtidos durante a atividade, a alguns participantes destacaram que suas experiências passaram a despertar o interesse de outras comunidades a desenvolver projetos para concorrer a Editais e Chamadas Públicas lançadas pelo FD. “Tem outras comunidades que passaram a implantar a criação de peixes com orientações compartilhadas pela nossa comunidade. Além disso, famílias da nossa comunidade que não participaram do projeto também passaram a criar peixe a exemplo das atividades que nós desenvolvemos”, afirma Raimundo Bonifácio, da comunidade Coroca, que desenvolve o projeto ‘Fauno Sorriso no Coração da Amazônia’, no Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande.

Compartilhando Experiências

Em meio à atividade realizada, representantes de alguns projetos compartilharam as ações desenvolvidas coletivamente em suas comunidades. Entre eles, integrantes do projeto ‘Pimentinha’, realizado pela Cooperativa Agroextrativista Amazomonte (CAAM), no município de Alenquer relataram o sucesso do incentivo à produção orgânica por meio do cultivo de hortaliças em sistema de mandala e que os levou à conquista do fornecimento de produtos saudáveis ao Programa nacional de Alimentação Escolar.

“A segurança alimentar e a qualidade nutricional são os focos principais do nosso projeto. A gente faz o cultivo dos alimentos de forma orgânica. Esse projeto contribuiu principalmente para as famílias do entorno. O excedente de nossa produção é doado para as famílias da comunidade. Vimos que a satisfação em poder comer um alimento de qualidade, saudável, rico em nutrientes e sem veneno favoreceu muito para a saúde dessa população. Hoje conseguimos ver uma redução na compra de remédio por problemas estomacais e alérgicos, muito em razão do consumo de alimentos com agrotóxicos”, compartilhou Eloísio Barbosa, coordenador do projeto Pimentinha.                                                                        

| Com fotos, banners, artesanatos, mudas de plantas e frutos, os participantes apresentaram os projetos comunitários

“Nosso projeto é voltado para a proteção de nossa área. Lá nós lutamos contra os sojeiros. Nós já fizemos nosso Protocolo de Consulta, que foi aprovado o dia 06 de março, nós estamos lutando não só pela nossa terra, mas pelas outras. Se a gente não preservar, a gente vai acabar não tendo mais água para beber porque os sojeiros estão botando veneno nas plantas”, relatou a indígena Graciane dos Santos, representante da Associação Indígena Munduruku de Auá da Aldeia Ipaupixuna, cuja comunidade é apoiada pelo Fundo Dema em resistência ao agronegócio fortemente instalado na região.

Em defesa do Tapajós

Reunindo 41% dos projetos apoiados por meio das três Chamadas Públicas lançadas pelo Fundo Dema em parceria com o Fundo Amazônia, a região do Baixo Amazonas vem sofrendo fortes ameaças de grandes projetos capitalistas. A exportação da soja vem afetando os modos de vida das populações locais, com violações de direitos à consulta prévia, além de provocar graves consequências ambientais devido à construção de portos e demais obras de infraestrutura voltadas ao escoamento do produto e que afetam Áreas de Proteção Ambiental (APA). 

Ao fazer uma reflexão sobre as investidas do capital na Amazônia, Matheus Otterloo, coordenador do Fundo Dema, considerou a atividade extremamente positiva, possibilitando maior compreensão sobre a importância dos projetos comunitários para garantir a manutenção da biodiversidade e a vida na Amazônia. “Isso foi muito mais do que um seminário de avaliação, mas um intercâmbio de conhecimento entre os projetos apoiados. O que aconteceu foi um enriquecimento com detalhes do que estamos fazendo. Porém, este é um passo inicial à verdadeira avaliação que será feita no retorno aos projetos, na luta em defesa da Amazônia. Precisamos nos juntar para defender toda essa riqueza”, concluiu.  

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