Seminário Fundos Socioambientais pela Autonomia dos Povos da Amazônia é realizado durante o X FOSPA, em Belém.
Por Élida Galvão
Foi com o auditório lotado que o Fundo Dema realizou, junto a outros Fundos Comunitários, o Seminário Fundos Socioambientais pela Autonomia dos Povos da Amazônia, em meio à programação do X Fórum Social Pan Amazônico, em Belém (PA). A atividade, ocorrida nesta sexta-feira (29), reuniu representantes de diversos Fundos de apoio a projetos comunitários na Pan Amazônia e de organizações parceiras.
O seminário dialogou sobre a importância dos Fundos Solidários no fortalecimento do protagonismo de povos indígenas, comunidades quilombolas e demais populações tradicionais na luta contra a exploração capitalista nos territórios e em defesa da Amazônia.
Graça Costa, Presidenta do Comitê Gestor do Fundo Dema, apresentou ao público sobre a origem do Fundo Dema enquanto resultado das lutas dos movimentos sociais, seu sistema de governança e como se dá atuação em apoio a projetos comunitários que protagonizam a luta em defesa da Amazônia e seus povos. “Precisamos chamar outros Fundos da Amazônia para a formação de uma rede de fundos comunitários, solidários, socioambientais. Temos que fazer ecoar e formar uma aliança para modificar as formas como as iniciativas comunitárias são vistas”, destacou.
Valéria Paye, representante do Fundo Indígena Podáali, chamou a atenção para a legitimidade política dos Fundos socioambientais que surgem da demanda dos movimentos sociais. “O mercado de carbono não é uma prioridade de discussão para nós, porque este é um caminho da mercantilização [dos Bens Comuns]. Os Fundos comunitários são resultado da construção dos movimentos sociais. Eles têm legitimidade política. A gente se coloca em outro lugar como um braço do movimento social, dos indígenas, da COIAB, da Amazônia brasileira. A gente só consegue mudar a realidade enquanto a gente está junto”, disse.
Roda de Conversa
Na manhã do sábado seguinte (30), os Fundo Solidários, entre eles o Fundo Dema, realizaram a roda de conversa Os Fundos como instrumento de autonomia. Durante a atividade, diversos Fundos apresentaram suas experiências de atuação e dialogaram sobre os desafios e perspectivas em torno da unificação da luta para o apoio a povos originários e populações tradicionais como estratégia de defesa da Amazônia. Além de representantes do Fundo Dema, estiveram representantes do Fundo Luzia Doroty Espirito Santo, Fundo Babaçu, Fundo Podáali, Fundo Indígena do Rio Negro e Fundo Puxirum.
Integrante do Fundo Babaçu, D. Emília Rodrigues, relatou sobre a importância de Fundo para as mulheres quebradeiras de coco. “O Fundo Babaçu foi quase uma salvação para as nossas companheiras, porque criamos vários projetinhos que vieram ajudar muitas comunidades. A extração do óleo Babaçu tem ajudado muito na renda familiar das trabalhadoras”, disse ela, que ainda ressaltou a conquista de uma legislação em defesa das mulheres agroextativistas. “Criamos em vários municípios a Lei do Babaçu Livre, pois tem muitas companheiras que não têm terra e necessitam entra na terra de fazendeiro só para tirara o babaçu. Lançamos uma campanha pra criar mais Leis do Babaçu Livre em mais municípios para ajudar outras companheiras a terem acesso aos babaçuais”, completa.
De acordo com Marta Rêgo, representante do Fundo de Mulheres Luzia Dorothy do Espírito Santo, o Fundo vem atuando para apoiar o trabalho de mulheres agricultoras familiares e agroextrativistas e em defesa da segurança alimentar e nutricional no território do Baixo Amazonas, no Pará. “Santarém é cercada pela soja e muitas companheiras que fundaram o Fundo já faleceram de câncer, afetadas pelo veneno. Temos entraves no caminho enquanto mulher, mas a gente não desiste. Somos capazes de produzir sem veneno com alimentação boa e saudável. A feira agroecológica que fazemos garante recurso financeiro às mulheres”.
Representante do Fundo Indígena Rio Negro (FIRN), Josimara Melgueiro, falou sobre os desafios de atuar com logísticas de grandes proporções em territórios diversos. “Apoiamos mais de 23 povos indígenas com uma diversidade grande. A gente também tem como objetivo capacitar e formar gestores indígenas e não só levar recurso pra a base. Preparamos os indígenas para acessar outros recursos. Todos os nossos projetos estão na base e a mobilidade é de difícil acesso. Iso se torna um grande desafio para a nossa atuação”.
Tribunal das mulheres
Ainda durante o sábado, Graça Costa também participou do Tribunal Ético em Defesa dos Corpos e Territórios das Mulheres Amazônicas e Andina, onde foram denunciados casos de violências contra a vida de mulheres e seus territórios.
“Entre as nossas recomendações, pautamos que todas as estratégias minenárias, hídricas, do agronegócio ampliado,